Ludmila Fontoura
13 de setembro de 2014No tempo em quase ninguém tinha computador e o tal do acessar a internet nem existia, informação para pesquisas era adquirida apenas por meio de livros e muita leitura. Havia pessoas que mantinham seus arquivos em casa assim como aquelas que também passavam manhãs e tardes imersas dentro de um dos lugares mais antigos do mundo, a biblioteca. Em Mogi Mirim, a biblioteca mais antiga da cidade ficava localizada à Praça Rui Barbosa, no mesmo prédio onde funcionava o cinema até o ano passado.
Por lá, uma senhora simpática chamada Odete Megiato Bronzatto, assistente de biblioteca, era a responsável por atender o público e que com tanto carinho ajudou na formação de muitas pessoas. Hoje, dona Odete continua em atividade, mas agora atende na Biblioteca Municipal, localizada à Rua Caiapó, fusão da primeira biblioteca pertencente à Associação Mogimiriana de Beneficência e a da Prefeitura, que funcionava no Centro Cultural de Mogi Mirim. Para O POPULAR ela falou sobre seu trabalho, que neste ano completa três décadas, e seu carinho pela atividade.
O POPULAR – Como era o trabalho da senhora na época em que a Biblioteca não era aqui? Atendia muitas pessoas?
Odete – Dava-se muita pesquisa naquela época. Então tinha dia que tinha cem alunos, tinha dias que tinha mais de cem. Tinha duas mesas enormes que ficavam sempre cheias. O aluno pedia uma pesquisa sobre um determinado assunto. Aí eu pegava e dava para eles os livros e eles mesmos viam o que iam fazer. Dizia, olha tá aqui, colocava tudo na mesa para eles e para você também. Naquele tempo não tinha computador, não tinha internet, às vezes eu emprestava os livros para eles xerocarem ou levarem para a casa através de uma fichinha. Você acredita que nunca perdemos um livro?
O POPULAR – E como a senhora começou a trabalhar com os livros?
Odete – Me convidaram, na primeira vez eu não aceitei, mas na segunda eu aceitei. Eu disse vou tentar e disseram faz do jeito que você achar que dá certo e eu fiz. Eu nunca tinha trabalhado em lugar nenhum foi meu primeiro e único trabalho. Eu aprendi bastante coisa ensinando bastante gente.
O POPULAR – Hoje, qual a função da senhora na Biblioteca? Tem bastante trabalho?
Odete – Meu setor é pesquisa, a mesma coisa que eu fazia lá. Aqui no começo tinha bastante gente, mas depois surgiu o computador, as escolas muitas vezes já têm suas bibliotecas (…) Tem professor que vem aqui e reclama e diz que os alunos de hoje fazem as pesquisas, levam tudo bonitinho, mas não sabe nem o que fez porque nem leem. Hoje não vem tentas pessoas como era lá, mas vem, e eu registro tudo.
O POPULAR – E diante de tantos livros tem algum assunto que a senhora mais gosta?
Odete – Eu gosto quando os alunos vem pegar pesquisa sobre cientistas, de geografia, português e história. São os assunto que mais me agradam.
O POPULAR – Eu sou uma das pessoas que a senhora ajudou a formar, a realizar pesquisas. Imagina quantas pessoas passaram pela Biblioteca. O que a senhora pensa disso?
Odete – Nossa, tem médicos, você, jornalista, tem advogados (…). Às vezes vem os pais com os filhos e eles lembram que fizeram tantas pesquisas comigo. Então eu fico muito contente por isso, né? Poxa, ajudei o pai e agora estou ajudando o filho. Sabe, eu queria ser professora e não tive oportunidade e onde eu me realizei foi na biblioteca. Então o que eu não tive eu me esforcei para passar para os outros.
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