Letícia Guimarães
25 de novembro de 2013A austeridade da farda cinzenta, o cinturão com arma e a imponência das viaturas colocam os policiais militares como autoridades intimidadoras na sociedade. Com toda essa carga de responsabilidade sobre a segurança da população, vem também o estereótipo de polícia violenta, que só está na rua para prender bandido. Justamente para se aproximar da comunidade local e mostrar que a Polícia Militar tem muito mais a oferecer, existem dois projetos sociais desenvolvidos por policiais em escolas da cidade.
De acordo com o capitão Marcelo Soares Cavalheiro, que comanda o batalhão em Mogi Mirim, o Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência (Proerd) e o Projeto Honra, além de promoverem a união entre a polícia e a população de forma positiva, também servem de prevenção contra o crime, já que os instrutores que ministram aulas e palestras ajudam a formar o caráter de cidadãos dos alunos de escolas municipais, estaduais e particulares.
Para Cavalheiro, cada criança que sai da aula dos projetos é uma multiplicadora do conhecimento adquirido para seu círculo familiar, de amigos e de vizinhos.
A pretensão da PM segundo o capitão é conseguir ajuda de alguma Organização Não-Governamental (ONG), do município ou do estado para ampliar os projetos e dar continuidade para que, desde alunos pequenos até os adolescentes possam participar dos projetos.
Disciplina, ação e transformação com muita honra
Quem viu passar o desfile em comemoração ao aniversário de Mogi Mirim, no dia 22 de outubro, possivelmente não sabia do que se tratava a turminha de quimono azul que passava orgulhosa entre os espectadores. Os pequenos guerreiros integram o Projeto Honra, exclusivo em Mogi Mirim, desenvolvido pelos policiais Marcelo Massini e Samuel Ferreira dos Santos.
Os instrutores ajudam a enriquecer o caráter dos pequenos por meio de aulas de jiu-jitsu ministradas na Escola Municipal de Ensino Básico (Emeb) Alfredo Bérgamo, o Caic, na zona Leste.
Segundo Massini, o projeto há cerca de um ano, e os resultados já estão sendo colhidos. Segundo os policiais, os professores comentam a melhora no comportamento dos alunos e no desempenho escolar. Santos, que é adepto ao esporte há seis anos, explica que as crianças do 1º ao 5º ano são selecionadas pelos próprios professores. “O critério é escolher os ótimos alunos e os que não estão tão bem assim, e na convivência nas aulas eles vão trocando experiências e as crianças mais indisciplinadas vão melhorando”, afirma Massini.
Com a prática do jiu-jitsu, as crianças aprendem a ser mais focadas nos objetivos, a respeitar hierarquias, ter disciplina e honestidade. “Aqui ninguém ensina a bater, é usar a força de forma inteligente para neutralizar a força do oponente, mas sem violência”, conta Massini.
No Caic, o Projeto Honra funcionou como um piloto que deu certo, e a intenção agora é conseguir patrocínio para a compra de mais quimonos e tatames para que a atividade seja implantada em outras escolas, como a Emeb Geraldo Alves Pinheiro, no bairro Linda Chaib, e Jorge Bertolaso Stella, no Parque do Estado II.
Enfrentando o mundo longe das drogas
Mais do que ensinar crianças e adolescentes quais são as drogas existentes na atualidade, o Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência (Proerd) tem como objetivo também restaurar as relações familiares para fortalecer a personalidade do aluno, ficando apto a dizer não ao crime e às drogas.
Alunos aprendem a valorizar a família e as boas amizades dentro do projeto. (Foto: Everton Zaniboni)
O Proerd havia deixado de existir na cidade, mas foi trazido de volta em 2012 pela policial Aparecida de Fátima P. B. Franklin da Cunha, e agora conta com a participação de Eliângela Cenzi de Paula. “Seguimos um conteúdo programático que vai desde a atividade sobre cigarro e álcool até relações de amizade e o trabalho da autoconfiança do jovem, e dentro disso, vão surgindo dúvidas e assuntos e vamos construindo a aula junto dos alunos”, explica Fátima.
De acordo com a policial Eliângela, é muito mais fácil prevenir que o adolescente entre para o submundo das drogas e do crime do que trabalhar com aquele que já teve esse contato. “Estimulamos muito o resgate dos valores pessoais, familiares e da sociedade. Na semana passada fizemos uma dinâmica em que cada aluno tinha que se perguntar o que poderia melhorar em si próprio. Todo mundo chorou de emoção, foi uma reação que eu não esperava”, relata a instrutora, afirmando que também aprende com a história de vida de cada um.
É fácil ver como o programa é importante na vida dos alunos. Quando Eliângela chega na sala de aula, um grupo de adolescentes logo corre para abraçá-la e contar as novidades da semana. “Eles acabam se abrindo, criando vínculo de amizade com a gente, é de arrepiar”, conta ela, emocionada.
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