• Anuncie nos Classificados
  • Seja Assinante
  • Você Repórter
  • Expediente
  • Fale conosco
  • RSS
  • Twitter
  • Facebook
O Popular Digital
sexta-feira, 26 de fevereiro de 2021
  • Home
  • Notícias
  • Edições
  • Cidade
  • Polícia
  • Esporte
  • Entretenimento
  • Social
  • Opinião
  • Assine Agora!
Você está em: Home » Opinião »

García Márquez: O poder da palavra escrita

Da Redação

22 de abril de 2014

A prosa de García Márquez, que incorpora tanto a tradição ficcional européia como as tradições da oralidade e das lendas do interior da Colômbia, nos instiga a desvendar um cosmos narrativo em que temas e personagens se desdobram. Em seu primeiro romance, _La hojarasca_, de 1955, a cidade imaginária de Macondo surge pela primeira vez congregando uma trama cujo foco narrativo está pulverizado nas memórias e opiniões de três personagens durante um funeral. Esse romance, ainda sem tocar os contrastes mais definidores do estilo do
autor, torna-se seminal, uma vez que aponta para um aspecto recorrente: a relevância do microcosmos espacial como uma dimensão simbólica.

Partindo dessa primeira Macondo, inevitavelmente chegamos ao romance _Cem anos de solidão _(1967)_ _e, antes de qualquer reflexão, vale a ressalva de que esse texto parece renovar-se ao longo dos anos com uma vitalidade que despertaria a dúvida quanto à existência de uma fonte da juventude escondida e não mencionada na casa de Úrsula Buendia. A força narrativa de García Márquez se esconde e se revela em um binômio indissociável, próprio da verdadeira literatura quando esta agrega uma boa história a uma forma diferenciada de narrar. _Cem anos de solidão _alcança esse binômio com a perfeição expressa no tempo predestinado à saga familiar dos Buendia e à leitura dos misteriosos
pergaminhos intraduzíveis.

Esses manuscritos passam de mãos em mãos ao longo do romance, são textos em busca de quem queira e possa decifrá-los, entretanto, somente nas últimas páginas do romance o sentido desses escritos será revelado. Lemos o fim do romance ao mesmo tempo em que conhecemos o fim de Macondo, lemos com os olhos duplicados na figura do narratário. Uma vez que somos leitores do texto que Aureliano Babilônia está decifrando, percebemos que o tempo da nossa leitura poderia também inscrever-se no tempo mítico e circular que ordenou a vida em Macondo.

Será permitido habitar Macondo pelo tempo determinado na velocidade da nossa própria leitura e, assim, conviver com Aurelianos e Josés Arcadios, sofrer com os amores e os ciúmes de Rebeca ou Amaranta, deleitar-nos com a praticidade estarrecedora da matriarca Úrsula
Buendia e da objetividade visionária do alquimista e patriarca José Arcádio Buendia. Com assombro observamos a aparição do gelo, do imã ou da fotografia e, por outro lado, desprovidos de total espanto vemos ascender aos céus, Remédios, a bela – já convencidos pela lógica da causalidade interna do romance que tal corpo ofuscante deveria, verdadeiramente, retornar a sua condição celestial.

As referências históricas aos descobrimentos, às colonizações ou mesmo aos movimentos de independências, que se rearticulam no interior da cidade de Macondo, juntamente com as peripécias da estirpe dos Buendia, têm ocupado estudos literários há 40 anos. No entanto, se
pensarmos em uma primeira e sempre irrepetível leitura do romance, vale ressaltar que cada vez que essa pequena cidade imaginária se constrói e se destrói diante dos olhares de seus personagens e de seu leitor derradeiro, cada vez que esse romance escrito e circunscrito na esfera da leitura e da escritura se instaura, entendemos que estamos diante de um deslumbramento, como leitores nos tornamos completamente solidários no maravilhoso e traremos na lembrança, por muito tempo, a imagem da primeira vez que nos foi mostrado gelo pelo olhar de Aureliano Buendia.

A narrativa ficcional de García Márquez parece retornar sempre a mesma questão: o poder da palavra seja ela escrita ou simplesmente dita. Os falares literários e populares compõem os desdobramentos da ficção e sugerem uma leitura que caminha em uma espiral de referências. Ora as cidades tornam-se palavras e podem ser lidas até que se consumam, ora a narrativa histórica é palavra e pode reinventar criticamente o passado. E, tantas vezes, o amor faz-se verbo, começando e terminando no desejo de possuir as palavras, do outro, de nós mesmos.

*ANA LÚCIA TREVISAN é doutora em Letras, professora do Programa de Pós-Graduação da Universidade Presbiteriana Mackenzie.

Compartilhe
Facebook Twitter WhatsApp E-mail Imprimir

VEJA TAMBÉM

  • Novo secretário de Cultura, Luiz Dalbo, promete ações descentralizadas

    29 de janeiro de 2021

    Novo secretário de Cultura, Luiz Dalbo, promete ações descentralizadas

  • Morre Pereira, ex-zagueiro do Mogi Mirim EC

    25 de fevereiro de 2021

    Morre Pereira, ex-zagueiro do Mogi Mirim EC

  • Covid-19: Prefeitura cancela ponto facultativo de Carnaval

    3 de fevereiro de 2021

    Covid-19: Prefeitura cancela ponto facultativo de Carnaval

  • Saae conclui reparo em sistema de escoamento do Tucurão

    28 de janeiro de 2021

    Saae conclui reparo em sistema de escoamento do Tucurão

  • Mesmo com pandemia, postos de trabalho crescem em Mogi Mirim em 2020

    18 de fevereiro de 2021

    Mesmo com pandemia, postos de trabalho crescem em Mogi Mirim em 2020

  • Ação da Vigilância Ambiental captura 2.203 escorpiões no Cemitério Municipal

    28 de janeiro de 2021

    Ação da Vigilância Ambiental captura 2.203 escorpiões no Cemitério Municipal

  • Guaçuano celebra 92 anos e lança camisa comemorativa

    25 de fevereiro de 2021

    Guaçuano celebra 92 anos e lança camisa comemorativa

  • Prefeitura de Mogi Mirim alerta sobre golpe do ‘vale mercado’ pelas redes sociais

    7 de fevereiro de 2021

    Prefeitura de Mogi Mirim alerta sobre golpe do ‘vale mercado’ pelas redes sociais

  • Mulher de 68 anos é 95ª vítima da Covid-19 vir a óbito em Mogi Mirim

    1 de fevereiro de 2021

    Mulher de 68 anos é 95ª vítima da Covid-19 vir a óbito em Mogi Mirim

  • Projeto AmpliArte abre inscrições para oficinas de Teatro e Escrita Criativa

    19 de fevereiro de 2021

    Projeto AmpliArte abre inscrições para oficinas de Teatro e Escrita Criativa

Deixe seu comentário

Edição 1.292
Revista Estilo - Edição 14
  1. Editorial
  2. Artigos
  3. Da Fonte
  • Estamos todos preocupados com a Covid-19. E não é para menos. Afinal, esta doença veio, virou pandemia e tirou a Terra do eixo. Não podemos esmorecer na batalha contra o novo coronavírus e manter as medidas de prevenção é fundamental. Temos que seguir se cuidando e cuidando do próximo. Mas e quanto a outros problemas? […]

  • Já ouviu falar de dieta low carb? Basicamente, uma dieta low carb, do inglês “baixa em carboidratos” é um tipo de dieta que restringe ou diminui a quantidade de ...
  • A descoberta da Real data de fundação do Mogi: 2ª parte – n° 673 Finalmente, encontrei no noticiário do jornal “O Mogyano”, de 21 de outubro de 1903, a prova escrita e definitiva sobre a verdadeira ...
  • Turismo brasileiro perdeu R$ 55,6 bilhões em 2020 Uma notícia muito triste veio ao meu conhecimento esta semana. O turismo brasileiro perdeu R$ 55,6 bilhões em faturamento, em 2020, em ...
  • VISITA O plenário da Câmara Municipal recebeu a visita, durante sessão legislativa desta semana, do comandante do Corpo de Bombeiros, Di Martini, e da coordenadora da Defesa Civil, gcm Elaine Cristina Navarro, também colunista de O POPULAR. Os dois foram ao Legislativo a convite do vereador Alexandre Cintra (PSDB) prestar esclarecimentos sobre os trabalhos desenvolvidos […]

Você Repórter Enviar

Flagrou algo inusitado e quer ver a sua notícia publicada? Nos envie seus textos, fotos e vídeos.

Enquete

Você mantém as atenções no combate à Dengue o ano todo?

  • Deixe seu comentário

VARIEDADES

  • Abertura da Copa Shell HB20 será no autódromo Velocitta
    Abertura da Copa Shell HB20 será no autódromo Velocitta
  • Fevereiro Roxo trata de alzheimer, lúpus e fibromialgia
    Fevereiro Roxo trata de alzheimer, lúpus e fibromialgia
  • Fórmula 1: Band no lugar da Globo
    Fórmula 1: Band no lugar da Globo
  1. Galeria de Notícias

    Fundo de Quintal se apresenta em Mogi Mirim no sábado, dia 30
    Colcha de Retalhos: as memórias dos idosos e suas vivências no Jardim Planalto
    Festival de Cinema de Mogi Mirim é realizado no dia 12 pelo Vidraça
    ICA realiza espetáculo chamado Ikigai, sobre o sentido da vida
    Línguas Indígenas: tema da feira Aluno Curioso, da escola Jorge Bertolaso Stella
    Faxineira é detida por furto de joias de apartamento onde prestava serviços
    Equipe do Centro Médico Capilar realiza palestra sobre transplante capilar no Estetic Day
    Boca de Barro Retrô: evento ocorre no dia 9, próximo sábado. Participe!
  2. Encontre-nos no Facebook

  3. Fique Atualizado

    Quer ficar por dentro de todas as atualizações? Agora você pode cadastrar seu e-mail e receber as notícias diretamente na sua caixa de entrada.

  • twitter
  • facebook
  • rss
acompanhe:
© Copyright O POPULAR | web & design por Éder Ribeiro

Os textos e comentários aqui expressos são de total responsabilidade de seus autores.