Da Redação
27 de novembro de 2020Quando foi que o Brasil, enquanto sociedade, perdeu o poder da empatia? Se é que já tivemos! Somos o país da alegria, do carnaval, samba e futebol. Somos mesmo esta felicidade? Não somos encobertos por uma névoa?
A lei pode dizer o contrário, mas, aqui, em todos os estados, há pena de morte. Uma sentença sumária, do sistema. Na ânsia por propriedade, por bens materiais, irmão mata irmão. Em Mogi, choramos recentemente pela morte de um trabalhador, assassinado na porta de casa, pela mão sentenciadora de bandidos. Nas horas e dias seguintes, choque e consternação. Hoje? Esquecimento. Talvez porque outra sentença foi dada, a da morte do autor do assassinato.
É óbvia e indiscutível a necessidade de punição a quem tira a vida alheia. Os bens alheios. Mas, a morte de quem matou basta? A prisão de quem roubou basta? Não, não basta! O que realmente importa ou deveria importar em tragédias é a criação de uma força coletiva para que elas aconteçam cada vez menos. Ou que sejam extintas! Afinal, não importa o seu Deus, ele prega amor ao próximo.
E isto inclui os próximos que sequer nasceram e já são alijados de direitos e sonhos, escanteados para uma condição marginal pelo simples status social em que vivem. Pela cor da pele que ostentam. Por não serem herdeiros das benesses de quem tomou esta terra à força e sim dos povos obrigados a dar sangue e suor de graça para a expansão monetária de seus senhores.
Porém, em uma sociedade que enxerga no porte de arma de fogo a melhor chance de lidar contra a violência, é difícil imaginar este nível de empatia. Preferimos a mesquinhez de engordar nossas contas a qualquer custo. Mesmo sem perceber, esta avareza nos torna cúmplices de muitos crimes. E a ignorância, culposa ou dolosa, faz muita gente politizar temas que deveriam ser meramente humanos, como o combate à desigualdade social, a luta por direitos de classes, de gêneros, de orientações sexuais e de outras diversidades. O acesso à educação e saúde.
É, mas, ao contrário, conseguimos até venerar quem cultua o opressor. Quem se arma tem usado de escudo um Jesus Cristo que, convenhamos, sabemos muito bem ao lado de quem estaria se retornasse a este mundo. Ele sempre andou com os excluídos, os doentes, os pobres. Reflita. Não permita que o nosso egoísmo mantenha a sociedade cega para as dores do próximo.
E isso inclui o racismo estrutural, negado por quem jamais seria alvo de um mata-leão banal e homicida em um supermercado… Para beneficiar nossos “Césares”, criamos uma massa de “Pôncios Pilatos”, que lavam as mãos todos os dias para que “fariseus” executem. Não importa quem! Vivemos uma guerra civil não-batizada, generalizada e secular. Um dia, liderados pelo amor, sepultaremos o ódio e a empatia se tornará coletiva. Até lá, ou militamos pela igualdade, ou seguiremos chorando pelas mortes banais.
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