Lucas Valério
27 de setembro de 2014De volta ao Boteco, Careca relembra a parceria com o craque Maradona, seu grande amigo na época de Napoli, da Itália.
Boteco – Quando você foi jogar com o Maradona, imaginava uma parceria tão grande fora de campo? Foi uma surpresa?
Careca – Não, não foi porque eu tive o prazer de conhecê-lo em 86, depois do Mundial, onde ele foi a sensação e eu fui o vice-artilheiro. Tivemos numa premiação juntos, sentamos na mesma mesa. E aí comecei a conhecer um pouco do Maradona, uma pessoa muito simples. E em 87 tive a oportunidade de ir pro Napoli. Foi uma convivência muito legal de amizade. Não só eu e ele, mas de família, as minhas crianças têm a idade das filhas dele. Foi perfeito, me ajudou muito com a rivalidade, ciumeira dos italianos.
Boteco – Havia uma ciumeira?
Careca – Dos italianos principalmente. A gente tirava o lugar de um italiano, antigamente podiam três estrangeiros. E só tinha ele. Eu cheguei, depois veio o Alemão. E aquela ciumeira da italianada e eu tive que provar dentro dos treinamentos quem era o Careca, não só o de 86, que foi vice-artilheiro, grandes jogadas, tinha que provar no dia a dia. Aí conquistei não só o Maradona, fizemos amizade perfeita, mas os italianos também, Giordano, Carnevale, Ferrara, Romano, grandes jogadores que fizeram história em termos de seleção e continuamos a nos falar. Quando eu vou para Itália, a gente sai para jantar.
Boteco – Algum episódio curioso com Maradona de bastidores?
Careca – Tem uma que a turma toda gosta quando eu saio para contar resenha. A gente lá em Nápoles não podia sair porque o torcedor era fanático. Pessoal ficava quase 24 horas embaixo do prédio vendo a hora que a gente ia sair para pegar um autógrafo ou foto. E a cobrança era pesada, para ele, pior. Tinha aquela euforia do torcedor, mas eu ainda conseguia sair, jantar, ele não. E eu e ele nos reuníamos às vezes de segunda-feira em casa. De quinta-feira, a gente fazia uma feijoada que ele gostava. E às vezes de quinta, quando a gente não se reunia, ele me ligava para a gente dar uma fugida, uma saída, ir num bar piano.
Boteco – Balada rolava?
Careca – Rolava, tinha uma discoteca lá que era Mela, Mela é maçã em italiano. Mas ele tinha que chegar depois das 3, 4 horas, a hora que já tava todo mundo dentro da boate ou já tinha saído. E a gente saía para jantar e depois dava uma passada. Só que o cara me chamava 1 hora da manhã, 1h30. Como que eu ia largar minha mulher, meus filhos para sair esse horário? Eu falava: “pô, me chama umas 8h, 9h, que a gente dá um PT e volta às 6 horas da manhã”. Mas me ligava 1 hora, 1h30, como que eu ia fazer? “Agora não dá, que desculpa eu vou dar? Vou falar que vou na igreja?”. Mas era um cara maravilhoso e a gente tinha essa dificuldade e era uma necessidade passear, tomar uma cerveja, bater um papo diferente. Diferente do Brasil que a gente consegue sair, ele esteve em casa, fomos no shopping, ele atendeu as pessoas, mas deixavam pelo menos a gente circular. Na Itália a gente não podia sair na rua que era um caos.
Boteco – Careca volta no último capítulo de suas histórias, lembrando mais momentos no Napoli, o ritual em finais e falando sobre as Copas do Mundo de 1990, com eliminação pela Argentina, e 1982, quando ficou de fora por contusão.
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