Letícia Guimarães
27 de dezembro de 2013A morte de um estudante eletrocutado e de um eletricista que teve o pescoço cortado com linha de cerol fizeram soar o alarme para o perigo da brincadeira com pipas, quando feita incorretamente.
De acordo com o bombeiro socorrista do Corpo de Bombeiros de Mogi Mirim, Alexandre Salzani, as crianças e os adolescentes que brincam, além dos pais que permitem que eles saiam às ruas, devem se conscientizar sobre as dicas de segurança para que a diversão não crie problemas para ninguém. A primeira regra, mas que nem sempre é lembrada é a de soltar a pipa em um local descampado, para que não haja risco de que o brinquedo enrosque na fiação elétrica.
“No meio da rua, não pode. Além do problema dos fios, tem o risco de a criança ser atropelada, já que sai correndo olhando para cima, sem prestar atenção no movimento de veículos, sem falar no risco de quedas”, explica. Outra informação importante é evitar praticar a brincadeira às margens de rodovias.
Pipa perto de fiação elétrica é perigoso para quem brinca e o cerol coloca todos no entorno em risco. (Foto: Everton Zaniboni)
Sobre as linhas cortantes, feitas pelas próprias crianças e adolescentes usando uma pasta de vidro moído, o cerol, ou a linha chilena, comprada em lojas que vendem produtos para a fabricação de pipas, Salzani explica que o fio se torna uma verdadeira navalha.
“Não é obrigatório esse item de segurança, mas para os pilotos de moto que ficam expostos ao perigo, é preciso usar duas antenas corta-pipas, uma em cada lado do guidão. Assim, ainda que o piloto continue a trajetória com o veículo, as duas antenas não vão fechar o ângulo da linha, mantendo o pescoço do motociclista seguro”, afirma. Outra dica é que o condutor da moto use sempre o capacete fechado e com viseira, para proteger o rosto.
O socorrista conta que este tipo de acidente com pipas é mais comum no outono, principalmente no mês de agosto, época em que venta muito, mas nas férias o perigo também é grande. “É importante que quem veja alguém fazendo a linha com cerol ou vendendo, denuncie à Polícia Militar ou à Guarda Civil Municipal”, conta.
Segundo o delegado Paulo Roberto Agostinete, a linha de cerol é proibida, e quem usa o artefato nas pipas pode ser penalizado. “Se colocar em risco a vida de terceiros ou se chegar a ferir alguém, o usuário responde criminalmente. Se quem estiver com o cerol for menor de idade, os pais podem responder também, mas na área civil”, explica.
O que fazer?
O socorrista Alexandre Salzani explica como ajudar uma vítima de um acidente com linha cortante. Segundo ele, a primeira providência é chamar socorro pelos números de emergência 193, dos Bombeiros, ou 192, do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu).
Em seguida, a pessoa que vai realizar o primeiro socorro à vítima precisa se proteger com luvas de látex, de borracha ou até mesmo sacolas plásticas nas mãos, para não haver contato com o sangue. “Como o pescoço e o rosto são regiões muito vascularizadas, é preciso que a pessoa use um pano ou toalha limpa para pressionar e diminuir o sangramento até a chegada do resgate”, explica.
Acidentes com pipas é mais comum no outono, época em que venta muito, mas nas férias, o perigo também é grande. (Foto: Everton Zaniboni)
Relembre os casos
No dia 13 deste mês, o estudante Lucas Gonçalves de Oliveira, de 18 anos, morreu eletrocutado. Uma pipa que se enroscou no telhado de uma casa à Rua Antônio Ventura de Oliveira Castro, no Bairro Bertioga, zona Leste de Mogi Guaçu, foi o motivo pelo qual o jovem se arriscou e perdeu a vida. Ele subiu no muro da residência, com altura de cerca de três metros, e se esticou para alcançar o brinquedo.
Entretanto, fios da rede elétrica que estavam parcialmente desencapados estavam perto do local, e Lucas não percebeu. Quando encostou na fiação, a descarga de energia foi tão forte que o lançou no quintal da casa. Ele teve uma parada cardiorrespiratória e não resistiu.
Quatro dias depois, a vítima foi o eletricista guaçuano Leandro Apolinário, de 24 anos, atingido por uma linha cortante à Avenida Honório Orlando Martini, em Mogi Guaçu. Ele pilotava uma moto sem a antena corta pipa, e ainda chegou a trafegar por mais alguns metros após o corte, até ser socorrido por populares. O socorro do Corpo de Bombeiros da cidade e do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foi chamado, mas quando chegaram ao local, ele já havia morrido devido a intensa perda de sangue.
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